segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A arte de educar

Professora Haidé Eunice Ferreira Leite

Docente - Consultora na área da Educação

Áreas de investigação: Educação da Razão pela Emoção


“A arte mais importante do mestre é a de fazer brotar a alegria no estudo e no conhecimento... O professor só pode esperar atingir o seu público na medida em que ele próprio é atingido por esse público; na medida em que o percebe enquanto desejo e sente enriquecido por ele.”

Albert Einstein


No processo educativo, mediar relacionamentos desafiantes requer sensibilidade, indagação teórica, criatividade e interioridade para encarar com certa segurança as situações ambíguas, incertas, ou conflituosas que se apossam do nosso aluno.

Assim, a missão do professor pauta-se pela sabedoria e criatividade, por um verdadeiro jogo de sedução e conquista desse ser humano especial que é o seu aluno. Respeitar a sua individualidade, atendendo ao seu emocional e ao seu racional é um desafio verdadeiramente artístico. Isto, porque é missão do professor ver no trabalho com o aluno uma via de mão dupla, ensina-se, aprendendo, aprende-se ensinando. Aliás, esta nobre profissão destaca-se pelo desafio de trabalhar no ser humano concomitantemente o coração e a inteligência.

É neste contexto que na minha perspectiva posso afirmar que, ensinar é seguramente uma arte. Todos (professores e alunos) somos artistas. Ora no palco, ora nos bastidores. Ora assistindo, ora representando. Sempre com o foco de construir o mais importante puzzle da humanidade. A arte de construir a sociedade. E, para que tal se faça acontecer, precisamos ter esse foco, de dar sentido e significado aos conteúdos e aprendizagens, às vivências diárias.

Adoro a minha profissão. Sinto-a cada dia mais apaixonante. A sala de aula é um canto maravilhoso onde a minha vida se transforma miraculosamente, pois tenho como filosofia de vida que: a vida só é vida, quando envolvida na vida de outras vidas. Sim, e a coisa mais fantástica da vida é termos como profissão algo que nos encante, pois assim, transformamos o nosso trabalho numa missão, numa prazerosa diversão de constante e envolvente convívio.

Entro na sala de aula. Olho em frente, ao redor e imagino o quanto um professor pode fazer a diferença na formação de um ser humano, pois considero que aprender só faz sentido quando nos ajuda a viver melhor. E a questão é que o professor poderá ser um mero jogador de damas, ou um eficaz jogador de xadrez.

Contextualizando esta minha ideia passo a explicar a atitude de fazer-se o papel do professor que trabalha à semelhança de um mero jogador de damas e o professor /educador que trabalha à semelhança de um jogador de xadrez.

Assim, enquanto que no primeiro caso, o jogador joga sempre com peças iguais e com o mesmo valor, com movimentos e processos semelhantes, repetitivos, podendo cair no mecanicismo. Movimentando cada peça (aluno) com o objetivo máximo de derrotar o adversário, e subtraindo sumariamente as pedras do adversário, quando estiverem em posição favorável. Dentro destas regras, verifica-se que ao final do jogo as peças continuam sendo o que eram (não há crescimento, enriquecimento, desenvolvimento no aluno). Na maioria das vezes há vencidos e vencedores (alunos aprovados ou reprovados).

Ora na arte de educar não queremos vencidos.

Queremos, sim, vencedores. Educar é uma arte que exige amor e, como todos sabem, o amor e o conhecimento multiplicam-se ao serem partilhados.

Então coloquemos os professores à semelhança de um jogador de xadrez. E, neste segundo caso, ele joga com peças (alunos) diferentes (somos cerca de sete bilhões de seres humanos e nenhum e cada um de nós possui a sua impressão digital) e com valores específicos, tendo cada peça seu próprio movimento, seu próprio processo, as peças movem-se com o objectivo de avançar, protegendo “um bem” valioso. Cada jogada exige planejamento prévio, de acordo com a posição e possibilidade de movimentação de cada peça.

Durante o jogo as peças podem adquirir valor e poder (permite-se que o aluno vá conhecendo, ampliando e desenvolvendo as suas potencialidades, capacidades). Avisa-se quando o rei adversário é colocado em “perigo”, dizendo a palavra “Xeque”, ou seja, faz-se uma atenta e continuada avaliação para que o aluno progrida sempre na direção da competência e excelência.

Em jeito de conclusão, considero que a nobreza desta missão está neste jogo de dar e receber que transforma todos em bons jogadores e cujo jogo termina empatado.


Ou seja, alunos e professores todos crescem e se enriquecem mutuamente, rumo a uma postura do indivíduos mais seguros dos seus potenciais, conscientes dos seus limites, e que se movimentam com autenticidade e liberdade de pensamento, de prática de suas emoções, de fazer as suas escolhas na caminhada da vida com expressividade, criatividade e imaginação perante os obstáculos que ela tantas vezes acarreta.


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